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Começando pelo goleiro, o meu time ideal

Higuita e a famosa defesa escorpião - Foto: 8bit-football.com

Higuita e a famosa defesa escorpião – Foto: 8bit-football.com

Quando era moleque, semana sim, semana também, eu e um amigo fazíamos a mesma pergunta: qual é o seu time ideal? A base era o time do coração. Daí para a frente, dois critérios: 1 – imaginação; 2 – realidade.

Na imaginação, era simples: você escolhia a equipe dos sonhos, usando os melhores jogadores do planeta, e pronto. Muitas vezes, o meu 11 ideal era quase igual ao dele. Legal, bacana, diversão garantida.

A realidade era, de fato, um verdadeiro exercício de como ser um dirigente de futebol. Quando custa, como viria, quando viria, quem sairia pra bancar o jogador A ou B, se daria para trocar com o time C ou D ou, quem sabe, até um E entrava na dança. Era complicado e demorávamos horas falando disso. Ou seja, completamente genial!

Ultimamente, com esse mercado da bola extremamente movimentado, essas idas e vindas insanas de jogadores para lá e para cá, tenho pensado muito sobre isso. Eu sei, poderia ter uma vida social melhor e fazer muitas outras coisas. Mas, bem, esse sou eu.

É mais ou menos o que você fazia na febre da Master Liga no Winning Eleven. Você queria comprar o mundo, a seleção do planeta (a equipe dos sonhos, a imaginação), mas a realidade da falta de dinheiro aqui e ali batia à porta (o melhor time que dá para ter, a realidade).

Explicação feita, vamos à brincadeira.

Parte 1, o goleiro dos sonhos
É a mais direta possível. Qualidade é incontestável, então, a questão, aqui, é a preferência. Vou me limitar a apenas cinco nomes: Neuer, Casillas, Buffon, Courtois, Cech. A ordem é essa? Sim, é essa, mas imagine que seu time contrate um desses cara. Seu time aqui do Brasil mesmo. Obviamente, deixaria elenco e torcida em uma festa eterna.

Neuer vive um grande momento, é o melhor da Alemanha e, aos 27 anos, tem muita lenha para queimar. Cech, com 31, Casillas, 32, jogam fácil por pelo menos mais sete, oito anos. Buffon, 35, idem por mais cinco anos. Courtois seria aquela aposta ainda mais a longo prazo: aos 21 anos, o belga tem tudo para jogar pelo menos duas décadas e encher a prateleira de prêmios ano sim, ano também.

Parte 2, o goleiro da realidade
Aqui, poderia ponderar e citar trocentos nomes, mas como meu time tem goleiro (todos têm goleiros, blábláblá), minha lista tem apenas um nome: um monstro chamado Martín Silva.

O Vasco fez uma das melhores contratações do ano ao tirar o uruguaio de 30 anos do Olimpia (PAR). Ele é muito bom, daqueles que podem jogar, e bem, por 10 anos no seu time. É o cara com potencial para ser ídolo eterno. Sou fã desse cara e, admito, tenho uma inveja gigante dos vascaínos.

Entre os brasileiros, pela temporada 2013, Vítor foi espetacular. Pela carreira, já mostrou que é extremamente confiável. Jefferson e Fábio são muito bons, mas nenhum deles que me empolgue a ponto de um “nossa, queria esse cara no meu time”. Ou seja, o capitão fica e segue o jogo! Mas, se viesse o Martín Silva – ou o Neuer, vai -, ele poderia pendurar luvas e chuteiras.

P.S.: Quem me conhece sabe que estou longe de ser um defensor árduo de Rogério Ceni, mas dizer que ele falhou no segundo gol do Bragantino é de uma heresia absurda. Li coisas como “golpe de vista”, “erro de cálculo”, “ah, estava adiantado”. Fala sério! No primeiro, claro, rolou uma indefinição ali que pode ter sido fatal, mas, no segundo, poderia colocar dois, três Cenis, mais Neuer e Casillas ali que a bola entraria do mesmo jeito.

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Um instante, gols e palavrões nas capas de jornais: essa é a Libertadores

Capas dos jornais "Lance!" e "Olé" - Fotos: Reprodução

Capas dos jornais “Lance!” e “Olé” – Fotos: Reprodução

O futebol é uma coisa de outro mundo. Por mais que seja um ambiente fétido, quando a bola rola, é difícil não se comover. Assim como na vida, um instante, um segundo, um piscar de olhos (use a metáfora que quiser)… pode alterar o rumo de tudo. A noite de quarta-feira da Libertadores foi um exemplo disso.

Aquele ar pesado, aquele clima tenso. Mesmo sem torcer para nenhum dos envolvidos, caramba, não tinha como não se envolver em nenhuma das duas partidas. A dedicação dos caras em campo foi algo exemplar. Cada tufo de grama era disputado como se fosse o último. Fazia tempo que eu não acompanhava 180 minutos de raça, garra, de um futebol como deve ser.

Carleto fez um daqueles gols de Libertadores. Bateu em todo mundo, pegou a curva mais absurda do planeta, entrou no cantinho. Gol chorado, chorado, daqueles de levar às lágrimas e pensar: “É assim que se ganha um jogo de Libertadores”. Mas, sabe como é…

Do outro lado estava o Boca. Escolha a divindade que quiser, mas nem ela sabe explicar a aura que ronda esse time. Caramba, se bobear, não é a melhor equipe nem de Buenos Aires. Mas tem camisa, tem tradição e coloca isso em campo de uma maneira tão grandiosa que é necessário muito mais do que um gol de Libertadores para mandar o Boca para casa.

Aí o jogo está acabando, a bola bate em todo mundo, acerta a trave, o goleiro se estica, tira em cima da linha – e se o Cavalieri não toca? – e aparece Santiago Silva, aquele El Tanque que virou motivo de chacota quando jogou no Corinthians e enterra o Flu. Gol chorado, chorado, daqueles de levar às lágrimas e pensar: “É assim que se ganha um jogo de Libertadores”. Com o Boca, é assim…

Deu tempo, basicamente, de respirar fundo e começar tudo de novo com Corinthians e Vasco. O ar no Pacaembu devia estar pesando toneladas. Jogo brigado, carrinho daqui, esforço até a última gota de suor dali. Foi um primor tecnicamente? Claro que não, mas foi um baita jogo, baita jogo mesmo.

Sabe aquele instante? Aquele segundo? O piscar de olhos? Antes dele, Diego Souza estava com a faca, o queijo e a vaga na semifinal nas mãos. Gol feito, diria um. É só marcar, diria outro. Mas é Libertadores, o ar estava pesado, pesado. Um instante depois, um segundo depois, um piscar de olhos e o que era gol se tornou uma das maiores defesas de um goleiro corintiano, sei lá, no século.

Do tapinha de Cássio à cabeçada de Paulinho foi uma eternidade, mas passou no instante, segundo, piscar de olhos. Foi mais ou menos essa medida de tempo que o Vasco vacilou. Bastou isso, esse fio de cabelo, para que o Pacaembu viesse à baixo, para que Diego Souza virasse vilão e Paulinho, herói.

“Boca, Carajo!”, disse a capa do diário “Olé”. “PQPaulinho”, a do diário “Lance!”. Entendo as críticas, mas acho que tudo que é torcedor de Boca e de Corinthians soltou exatamente esses palavrões no momento do gol, do apito final, da batalha vencida. Não acho exageradas, acho, sim, que refletem o grito da galera, aquele grito entalado na garganta. Que noite, hein? Parafraseando os jornais… Carajo! PQP, que noite!

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Fevereiro sangrento e uma saudade dos janeiros de sempre

2011 acabou, 2012 começou, janeiro já era, e quase tudo continua na mesma. Quase. Seria até bom que continuasse igualzinho, igualzinho. Mas…

Temos as novelas. Dessa vez, Neymar não foi para o Barcelona, nem para o Real Madrid. Em mais um capítulo da trama, Paulo Henrique Ganso quase saiu, mas ficou. E Montillo? Ele foi para o Corinthians, voltou para o Cruzeiro, as negociações terminaram, as negociações recomeçaram, e só Deus sabe para que lado o martelo será batido.

Teve atraso de salário também, e isso não é novidade quando se fala em futebol. A novidade é a reação dos jogadores. Os do Vasco aboliram a concentração. Os do Cruzeiro escreveram uma carta aberta em repúdio à declaração imbecil do presidente Gilvan Tavares, que disse: ““Não podemos adiar, os atletas ganham muito pouco, essa miséria que ganham, faz falta danada, se atrasar três, quatro dias para eles”. A frase vai inspirar um novo post em breve…

O Flamengo vive o que o sábio Vampeta já afirmou. O clube finge que paga, os jogadores fingem que jogam. E aí não tem dinheiro para nada, mas se gasta uma bala por Vagner Love, que chega ganhando horrores. É o principal exemplo do colapso financeiro que não vai demorar muito para rolar no futebol daqui, é mais um tema para um post futuro.

E aí, na espera por uma quarta-feira de rodada por todo o país, começam a pipocar notícias de uma briga generalizada no Egito. É uma notícia atrás da outra, cada vez mais aterrorizante. Peraí, gente, é futebol, é esporte, é lazer, é diversão. Como assim 10 mortos? Ah, não, 20? Sério, 40? Caramba, como assim, 74 mortos? 188 feridos? Números de guerra.

Acho engraçado as novelas do mercado do futebol brasileiro, sempre me divirto com elas no começo do ano. Acho que os jogadores ainda reagem de forma tímida aos mandos e desmandos dos dirigentes, mas, dessa vez, reagiram de alguma forma mais palpável. Acho que o pensamento de que a crise global nunca vai chegar por aqui faz com que gaste muito no futebol – e em muitas outras coisas -, sem saber quem vai pagar a conta.

Acho, enfim, que o mundo do esporte poderia ficar como estava em janeiro, com novelas de contratações, salários atrasados, clubes gastando sem ter, técnicos na corda-bamba, times desarrumados, torcedores animados ou desesperados. Mas, infelizmente, não ficou assim. Fevereiro começou com um banho. Nenhum banho de bola, nenhum gol na banheira. Um banho de sangue. Uma pena que janeiro já acabou.

P.S.: Estou de volta. Graças aos acontecimentos recentes, bem menos animado do que eu queria. Mas a vida, pelo menos a nossa, segue. E vamô que vamô.

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O São Paulo sabe a receita para o título ou o campeão na última rodada

Rogério Ceni em treno no São Paulo - Foto: João Neto/VIPCOMM

Rogério Ceni em treno no São Paulo - Foto: João Neto/VIPCOMM

É ridículo falar isso, pela situação e pelas palavras, mas os jogadores do São Paulo, mesmo antes da queda do técnico Adilson Batista, deram a receita para um time conquistar o Campeonato Brasileiro de 2011. Eu disse um time, ou seja, um time qualquer, não especialmente o São Paulo.

Vamos às frases, todas ditas depois da derrota para o Atlético-GO:

“Antes de voltar a pensar no título, temos que repensar nossa situação. Precisamos entender o que está acontecendo, não é possível ficar tanto tempo sem ganhar. Precisamos melhorar muito se ainda quisermos algo neste campeonato. O resultado é ruim, principalmente pelo que fizemos no primeiro tempo”, Luis Fabiano

“Não ganhamos há seis jogos, como vou falar sobre título? Tem de falar sobre ganhar o próximo jogo”, Rogério Ceni

Todos os times já tiveram altos e baixos, alguns demoraram mais para retomar a boa fase, outros caíram de vez, outros se recuperaram de vez. Analisar a situação e procurar uma resposta, como disse Luis Fabiano, é o começo do caminho. Não pensar lá no fim do campeonato e sim na próxima rodada, como afirmou Ceni, é o outro passo a ser dado.

Só discordo de uma frase:

“Todo mundo caiu de rendimento. Quando o time não está bem, o individual não aparece. Quando o coletivo vai bem, o individual aparece. Todo mundo está devendo um pouco, o time, principalmente. Eu não carrego o time nas costas, não sou o salvador da pátria”, Lucas

Lucas é jovem, é uma promessa, ainda tem uma vida inteira futebolística para crescer. Mas, se pensar assim, fica difícil. É nos momentos de dificuldade de um time que um cara melhor tecnicamente salva a pátria. O Flamengo, por exemplo, foi campeão porque o Adriano fez tudo que é gol na reta final ou o time estava batendo um bolão? Do outro lado da história, o Fluminense se salvou de um rebaixamento porque goleou todo mundo por 1 a 0 com gol de Fred ou porque o time se achou na reta decisiva?

Ninguém cobra de Lucas que carregue o time nas costas, mas o grande jogador (aquele acima da média) sabe que, na hora de decidir, é ele quem pode pegar a bola e, em um lance, matar o jogo. Esse é o último fator que completa tríade e faz com que os são-paulinos saibam, pelo menos nas palavras, o que é necessário para ser campeão: corrigir os erros, pensar jogo a jogo e, invertendo o que Lucas disse, contar com lampejos de A, B ou C para vencer os jogos mais duros.

Hoje, não consigo dizer se o Corinthians é melhor que o Vasco ou o Flamengo ou o Botafogo e por aí vai. Não conseguirei fazer essa distinção nem amanhã, nem na última rodada. Em um campeonato tão equilibrado como esse, com bons jogos, bons jogadores e nenhum time excepcional, será campeão quem fizer o dever de casa citado acima. O melhor time será campeão? Talvez. O que eu sei é que o campeão será aquele que terminar a última rodada em primeiro.

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As fases do Vasco com o time de Ricardo Gomes

Jogadores do Vasco prestam homenagem a Ricardo Gomes - Foto: Flickr/crvascodagama

Elenco do Vasco presta homenagem a Ricardo Gomes - Foto: Flickr/crvascodagama

Parecia a maior roubada do mundo assumir o Vasco depois de um início trágico no Estadual do Rio, com quatro derrotas seguidas. O dia 2 de fevereiro marcou o início da trajetória de Ricardo Gomes em São Januário. Mesmo se tratando do segundo mês do ano, parecia um trabalho perdido diante de um time perdido.

Dei uma fuçada na Internet e a matéria do UOL sobre a chegada do novo treinador dizia: “Apresentado nesta quarta-feira como novo técnico do Vasco, Ricardo Gomes terá um dos grandes desafios da sua carreira: recuperar a confiança e afastar a crise que ronda em São Januário”.

Começava aí a primeira fase de Ricardo Gomes em São Januário. E, vamos combinar: que missãozinha, hein? Mas foi a chegada dele que mexeu com o elenco. Aquele bando de jogadores (não dá para dizer que havia um time no começo do ano) começou a acreditar que poderia fazer alguma coisa, que não era um grupo perdedor.

A primeira fase teve dois pontos altos. O primeiro, 10 dias após a chegada do treinador e em seu segundo jogo no comando: os 9 a 0 sobre o América-RJ mexeram com o time, de verdade. Era o primeiro resultado palpável, um resultado absurdamente incomum e, claro, um resultado que devolve a confiança para qualquer um. O segundo veio no dia 23 de fevereiro, com os 6 a 1 sobre o Comercial-MS, na estreia da Copa do Brasil.

Em 20 dias, aquele time perdedor se tornou capaz de golear dois adversários, fazendo 15 gols em dois jogos e levando apenas um. Você pode dizer que eram rivais fracos, mas, para um Vasco que literalmente só perdia no começo do ano, a balançada que o time sofreu com a chegada de Ricardo Gomes foi louvável.

O técnico cumprira, ali, em 20 dias, a missão para a qual tinha sido contratado: “recuperar a confiança e afastar a crise”. Mas vinha a segunda fase, que era transformar um time, agora animado, em vencedor. A fase demorou mais tempo para se concretizar. Bateu na trave em maio, quando o Vasco perdeu a final da Taça Rio para o Flamengo. Mas se firmou com um golaço em junho, com a conquista da Copa do Brasil. Em quatro meses, o time de São Januário passou de um elenco perdedor para um time campeão. Culpa de Ricardo Gomes.

Poderia ficar por aí que já estava de bom tamanho, não? Claro que não. Ao contrário de todos os campeões de Copa do Brasil, que deixam o Brasileiro de lado, Ricardo Gomes foi moldando um dos times mais competitivos do país. Recuperou jogadores perdidos, como Diego Souza, Éder Luís e até Bernardo, rejuvenesceu com veteranos como Felipe e Juninho Pernambucano, e transformou Fernando Prass e Dedé em pilares para um time vencedor.

Essa fase, a terceira, até então passava desapercebida, mas chegou ao fim no clássico com o Flamengo. Todo mundo viu o que aconteceu e como aconteceu. O time se abateu naquela partida, e dá para encarar isso da maneira mais comum do mundo. Afinal, o comandante estava ferido.

Se a terceira fase chegou ao fim, é sinal que começou a quarta. O novo momento de Ricardo Gomes no Vasco, curiosamente, não tem a presença física do treinador. É uma fase que diz respeito estritamente ao time. Aquele time que Ricardo Gomes moldou e que passou a brilhar. Um time capaz de levantar a cabeça, fazer uma partida excelente contra o Ceará e render um sorriso no rosto do comandante.

Torço, de coração, para que essa quarta e mais complicada fase do Vasco seja ainda mais vitoriosa e duradoura. Torço, com paixão, para que o treinador, ou melhor, para que a pessoa Ricardo Gomes, tenha uma excelente recuperação. De um lado, o futebol está em um plano totalmente secundário. Do outro, é a melhor maneira de homenagear o comandante. Caminhos distintos, trilhas difíceis de serem traçadas, mas com finais apoteóticos. Essa é a minha torcida.

P.S.: antes que alguém reclame, a palavra time, no sentido de conjunto, de um grupo focado, unido, foi repetida propositalmente no texto.

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