“Oi, mãe!”
“Que horas são?”
“Meianoiteepouco”
(silêncio)
“O Palmeiras contratou o Riquelme?”
“Parece que vai contratar.”
(silêncio)
“Você jantou?”
“Comi no trabalho.”
“Tem macarrão e bife na cozinha, vai comer.”
E lá ia eu para a cozinha, beliscar alguma coisa. E, minutos depois, lá vinha ela atrás de mim, querendo saber se eu estava bem e se o Riquelme já era do Palmeiras. Mais ou menos assim era o diálogo diário quando eu chegava em casa. Mais ou menos nessa ordem. A diferença era a combinação carboidrato + proteína. Do mais, era mais ou menos assim.
Com o passar dos anos, você acaba percebendo que o número de “nunca mais” se multiplica. Você pode fazer o macarrão e fritar o bendito bife do mesmo jeito, mas “nunca mais” será igual ao dela. “Nunca mais” a roupa estará lavada daquele jeito. Sabe suco em pó, que vem com “manual”: pois é, “nunca mais” será igual ao dela. Nem aquele copo d’água, retirado do mesmo filtro, parece ter o mesmo sabor. É, amigo, “nunca mais”…
E de “nunca mais” em “nunca mais” os dias passam. Semanas, meses. Anos, até. Sete, mais precisamente. Sete anos sem a preocupação e as broncas maternas – que saudade das broncas! -, sem a maluquice alviverde, sem os diálogos, sem a presença… Sete anos de muitos “nunca mais”.
De “nunca mais” em “nunca mais” a gente vai levando e nem percebe que, cada vez mais, a gente se parece. O jeitão, as atitudes, as palavras, as reações, os pensamentos. Essa é a herança, o legado.
De “nunca mais” em “nunca mais”, a gente vai levando… Fica a saudade. Essa, inversamente proporcional. Essa, na casa do “sempre mais”. E é nessa gangorra que a gente vai levando…
Oi Ri, até chorei agora.
Vi um pouco de tudo isso.
Sinto tbém a falta dela, q pra mim tbém foi mãe.
Super lindo seu texto. E siga guardando ela assim. Kisses
È Ricardo você era o mais “xodó” dos xodós. O vazio e o eterno amor.
E a memória incrível da mãe é eterna. Como é bom ter lembranças tão legais da Dona Cadão, né? Beijo grande, amigo
Viva Da. Zélia…sempre…